Crítica ao livro " Fruto Vermelho" - por : André Luiz Lacé

Mestre André Luiz Lacé e o Fruto Vermelho.

Estou com uma longa lista de livros que ainda não tive tempo de ler.
E a lista que só faz aumentar, livro até de Aracaju City, terra de minha mulher, da qual não é difícil gostar. Refiro-me à terra, mas serve também para a mulher. De lá acabo de receber livro do Pedrinho dos Santos, um dos últimos dos moicanos marxistas. Gente fina, excelente pesquisador da história local.
De amigo velho, colega de docência universitária, recebi livro sobre médica heróica que venceu sua própria dificuldade mental.
Da Arly, brilhante enófila, que cito no Marraio, ganhei três livros policiais, todos ambientados em vinícolas, idéia invejável, que exige leitura regada à vinho. O que significa um porre por livro.
E por aí vai.
Essa longa e irritante preliminar é para comunicar que passei, como disse que ia passar, seu livro para o primeiro lugar da fila. Como se fosse astro da Globo entrando em avant-première. Meu único receio era não gostar.
Pois, afinal, estou lhe devendo observações.
Paranaense-carioca, com quase setenta anos de praia, muita esquina (famosa Miguel Lemos dos áureos tempos) até desconfio do seu entusiasmo pelo Marraio, mas, pragmaticamente, decidi:
- Se os elogios são exagerados, não tem a menor importância, é o que basta para meu ego colocar óculos escuros - para não ser reconhecido - e sair, de mestre-sala, na Banda de Ipanema.
Comecemos, então, por aí - ego! - seu livro foi uma excelente e oportuna surpresa:
"Ao meu ego
eu não me entrego"
(Empatia, p.57).
Excelente galhardia. Vamos, entretanto, "arrecuar os arfes para evitar a catrástofi", como dizia o Neném Prancha, técnico de futebol de areia, quando o time adversário estava começando a golear. Ou seja, vamos começar do começo, ou mais precisamente da página 43, onde e quando comecei a rabiscar seu livro:
"Sorria, você está sendo enganado"
...
" O demônio domina os dominantes". (Visão Verde).
Gol de placa, paulista!

Em seguida uma "paranóia capitalista" que seria um belo mote para cantoria imperdível entre os poetas-repentistas Jesus Cristo, Marx e Einstein. Com todo respeito.

Aí, você mata no peito e chuta de prima:
"A tinta desliza sobre o papel
pedinte de criação"
(A dança, p.51).

As páginas 67 e 69 - Estrutura e Re-estrutura - jogam um mano-a-mano muito especial. Que ninguém meta o bedelho.

"Que essa pobre rima manejou" (Sorriso, p. 73), outra jogada de craque.

Quanto a terceira parte - Interregno incoerente - aparentemente a final, como preliminar, adianto que não me pareceu nem Final, nem Interregno, muito menos Incoerente. No que você há de concordar, até porque novo livro já está no aquecimento.

"Todos estão surpresos com o sucesso do medo" (Desconexão Musical, p.111) é frase que faz balançar o até agora sábio entendimento de velhos mestres de capoeira de que "roupa de homem não dá em menino".

Ao apagar das luzes do Maracanã, você manda um Itapecerica da Serra que vou lhe contar: seu eu fosse prefeito de lá, articularia com a egrégia câmara municipal uma homenagem qualquer para você. E quem vos fala é um municipalista convicto.
Em suma, como diriam minhas filhas, você "mandou" bem.
O livro está todo riscado, mas paro por aqui, não sou crítico de literatura, mas, se fosse, e tivesse uma coluna em algum jornal, seu livro seria o tema nessa segunda-feira.
Parabéns.



André Luiz Lacé Lopes - é autor de diversos livros dentre eles uma verdadeira pérola cujo título é " Marraio Feridô Sô Rei". Membro do Clube de Regatas Flamengo. Defendeu a tese de mestrado em administração na Universidade de Syracuse, N.Y. 1971.

Conheça o trabalho do autor no site: http://www.kompac.com.br/lace/lace_port.htm

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