20 de Outubro - dia do Poeta


Essa é uma data muito especial pra quem escreve e principamente para quem lê poesia.
Hoje é o dia do Poeta e, consequentemente, o dia da poesia.
O poeta não é um profissional, ainda que ele se profissionalise nisso, antes ele é um sonhador. Uma espécie elevada que capta o mundo por todos os póros sensitivos de um corpo em constante comunicação com o que o circunda. O poeta é receptivo a tudo que lhe possa atingir. É uma antena gigantesca que percebe o mundo em minuscias as vezes despercebida. O poeta não precisa escrever, ele pode cantar, pode dançar, pular, encenar , ou simplesmente contar o que viu , como viu e o que sentiu. O poeta é o instrumento para que o espaço se manifeste, o acaso grite e o tempo possa urgir fisicamente em tempos onde o real é somente aquilo que se vê ou se toca.
Por essas e outras que esse dia deve ser comemorado em todos os cantos do mundo, já que a poesia é universal, e não distingue raças ou crenças, ao contrário, une os sonhos.


Em homenagem a este SER de extrema necessidade para a humanidade, transcrevo nesssa página uma das canções mais lindas que já ouvi, que eleva essa figura ao estatus de semi-deus de maneira mais do que justa. O Poeta é um semi-deus....a poesia é DEUS!!!


Milton Nascimento - Guardanapos de Papel

(adaptação da canção :Biromes y servilletas)


Em minha cidade tem poetas, poetas
Que chegam sem tambores nem trombetas, trombetas e sempre aparecem quando
Menos aguardados, guardados, guardados
Entre livros e sapatos, em baús empoeirados
Saem de recônditos lugares, nos ares, nos ares
Onde vivem com seus pares, seus pares
Seus pares e convivem com fantasmas
Multicores de cores, de cores
Que te pintam as olheiras
E te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas, partidas
Partidas entre mortos e feridas, feridas
Feridas mas resistem com palavras
Confundidas, fundidas ...fundidas
Ao seu triste passo lento
Pelas ruas e avenidas
Não desejam glórias nem medalhas, se contetam com migalhas, migalhas,
migalhas
De canções e brincadeiras com seus versos dispersos, dispersos
Obcecados pela busca de tesouros submersos
Fazem quatrocentos mil projetos
Projetos, projetos, que jamais são alcançados
Alcançados, cansados, cansados, mas nada disso
Importa enquanto eles escrevem, escrevem
Escrevem o que sabem o que não sabem
E o que dizem o qu não devem
Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas
Como se fossem cometas, cometas, cometas
Num estranho céu de estrelas idiotas
E outras e outras
Cujo brilho sem barulho
Veste suas caudas tortas
Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas
Esvaindo-se em milhares, milhares, milhares
De palavras retorcendo-se confusas, confusas
Confusas, em delgados quardanapos feito moscas inconclusas
Andam pelas ruas escrevendo e vendo e vendo
que eles vêem nos vão dizendo, dizendo
E sendo eles poetas de verdade
Enquanto espiam e piram e piram
Não se cansam de falar
Do que eles juram que não viram
Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas
Como se fossem lunetas, lunetas lunáticas
Lançadas ao espaço e o mundo inteiro
Inteiro, inteiro, fossem vendo para depois voltar pro Rio de Janeiro






Parabéns à todos os poetas.
Em especial à todos os poetas do Brasil, famosos ou não, mas que fazem da poesia sua eterna Missão.

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