Eram flores ideológicas, se
fizeram pétalas perfumadas.
Eram ascos sonoros, se fizeram
recepções respeitosas.
Eram gritos profanos, se fizeram
sussurros prudentes.
Era tão desumano, mas sempre com
uma retórica caprichosa.
Era armado, pronto pra batalha.
Armado e vergado, como uma arapuca
de cipó.
Seco e alinhado, numa trilha de um
tatu qualquer.
Resistente a vendavais, chuvas e
tropeços desatentos de humanos dispersos.
Forte, rijo, geométrico; bem ali,
no meio do caminho.
Mas tanta resistência não foi
suficiente para um sopro de amor,
Um sopro simples, leve e afônico.
Um sopro de harmonia divina e
cintilante.
Que chegou sorrateiro em um dia
Um dia-amante, um diamante.
Desses que nos assaltam e projetam
novos tempos,
Num único instante, num único
olhar.
E de lá pra cá tudo o que era
velho se esvaio,
deixando um grande vale para nosso
plantio.
Verdejantes mantos que nos
aqueceram
Na eternidade de nossos
sentimentos.
Foi por terra valores empapados,
Empecilhos de um tempo de poeira
Necessidade de se desarmar de
velhas crenças
Para amar de forma verdadeira.
Ari Mascarenhas
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