Nota de uma sexta chuvosa




A vida é cheia de surpresas, boas e ruins. Ainda que queiramos apenas as boas, surpresas são surpresas e, independente de gostarmos ou não a função delas é nos surpreender. Quando boas, comemoramos, ruborizamos e ficamos satisfeitos com nossas escolhas... As surpresas boas têm o poder de consolidar nossos caminhos. Funcionam como uma espécie de “selo de qualidade” que fortifica nossas escolhas e nos faz acreditar que a vida vale muito a pena. Elas são esperadas, por mais que sejam surpresas, e quando chegam causam aquela sensação de que todos os desafios são justificáveis, que todo medo é válido, que todo cansaço é remunerado. As surpresas boas nos fazem sorrir, abraçar, amar ainda mais aquilo (aqueles) que já amamos, nos faz crer em nossos sonhos e, principalmente, nos enche de vida por nos permitir criar novos sonhos. Enfim, as surpresas boas são aquelas que consideramos necessárias para continuarmos nos trilhos traçados. Afirmo isso porque penso também nas ruins.
As surpresas ruins nos faz repensar nossas escolhas, nos entristece, nos desanima, nos forçam a esquecer do que temos de bom, nos enfraquece, nos derruba, nos atrasa, nos envelhece, nos obriga a acreditar que tudo está errado em nossas vidas. Mas uma coisa boa tem nas surpresas ruins: Comparadas as boas elas são minorias. E mais, podem ser transformadas em boas, se estivermos preparados, não para as surpresas – cuja natureza não permite preparo – mas para os efeitos delas. De repente, uma dor pode ser convertida com a capacidade de suportá-la, um medo pode ser um desafio, um susto funciona como um alerta, uma morte como uma revelação, como se a voltássemos a ter consciência de que somos frágeis e pequenos nesse planeta, mas que ao mesmo tempo somos os condutores de nossas vidas. Responsáveis pelas alegrias e pela predisposição em aproveitá-la.
As surpresas boas ou ruins fazem parte de nossas vidas. Devemos geri-las, ou digeri-las na medida em que surgem. As tramas entrelaçadas, entre aquilo que chega e o que se vai, são responsáveis por definir esse longo texto que se chama vida. Nós não fazemos a linha, mas somos os costureiros da peça que pode nos aquecer, ser aconchegante e perfumada, ou do pano que, na forca do desespero, servirá para sustentar o corpo imóvel, desanimado, resultante de uma soma de surpresas mal compreendidas. Superar as surpresas ruins ou transformá-las em boas é um sinal de maturidade. Ser maduro e entender que a vida pode ser uma caixinha de surpresas, mas que nem sempre ela surge como um bom-bocado num celofane atraente. Às vezes, vem só o “bocado”.
 ASMC

2 comentários:

  1. Conheci o Ari em um Ônibus, e parecia que, nos conhecíamos a anos, falávamos sobre o ser humano, e sobre a Vida,viver e ter o privilegio de sorrir, de cantar de dançar,de roubar o bolinho da bacia,e nadar sentir o sol queimar o rosto e a chuva refrescar o calor, e dormir abraçado com a pessoa que se ama,e sonhar e realizar, rir com os que riem e chorar com os que choram, e receber o cafune da mãe e a bronca do pai.
    Mas acima e saber agradecer a Deus pelo privilegio da vida.

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    1. Caro Fabiano, obrigado pelas palavras, pelo abrigo do guarda-chuvas...

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