O autor, ao narrar uma
contenda entre uma linha e uma agulha ( clique no título para ouvir o conto), reforça as relações entre classes
cosidas no pano da realidade. O esforço da agulha, que a seu ver não é
reconhecido como esperara, é responsável pelo sucesso da linha. A matriz de
forças que se estabelece na discussão apresentada no texto, desvela objetivos
individuais responsável pelo afastamento de uma luta unida e focada no
interesse comum. Pode-se perceber esse distanciamento no nas opiniões das
personagens que, por sua vez, encontram ecos nos discursos superficiais e inférteis
que justificam o prazer como sinônimo de sucesso. E para aquele que não
encontra seu lugar nos “espaços” nobres, como convinha desejar a nova classe
dominante, está fadado ao fracasso. Ainda que o conceito de fracasso seja
meramente uma exclusão por forças de modismos e valorização de
superficialidades, como por exemplo, um baile de luxo.
A agulha, soberba no
início, sucumbe em sua condição natural e, ainda como forma de punição, ouve o
discurso moralizante do alfinete.
A moral da história,
retratada no fim do conto, dá-se pela constatação de que a união das classes,
ou a ausência delas (as classes), revelaria uma força cooperativa tão, ou mais,
eficiente que o modelo exploratório existente; e que a harmonia entre as
diferenças é a única forma de encontrarmos no equilíbrio do trabalho a
libertação dos seres, “bailando num belo rodado de um vestido de baile”. Ou
seja, apenas essa harmonização, ainda que utópica, pode nos oferecer motivos
verdadeiros para que possamos nos orgulhar.
Um mundo onde o meu
sucesso seja fruto do sucesso alheio. Onde a sociedade possa brilhar tão forte
que ninguém se preocupará em iluminar obscuridades existenciais com seu pequeno
e inócuo feixe de luz.
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