O político no estúdio
dissertava
autoritário
o seu quieto discurso
mudo
entre os vidros de um aquário.
O político no rádio
descrevia
temerário
o seu certo percurso
torto
entre as fichas de um fichário.
Cada ficha
era a escama
de um peixe
imaginário.
Cada frase
(barbatana)
era um feixe
de membranas,
surdo vocabulário
na garganta atravessado.
O politico se agitava
cada ficha soletrada
era a página
de outra folha já virada;
era a lâmina cortada
de um lacrado dicionário;
era o sono radiofônico
de outros peixes
nas águas de outro aquário.
O que o político explicava
em seus silêncios de nada
não chegava
aos ouvidos de quem ouvindo
não ouvia sua palavra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Para fazer seu comentário, por gentileza, deixe seu nome seu e-mail. Dê sua opinião sobre os temas e, ou, o blog. Muito Obrigado!