Comentários sobre o poema: O canto da Múmia

Amigos A partir deste post, farei alguns comentários ( verso /verso) sobre os textos do livro Fruto Vermelho. Não há pretensão alguma de excluir todas as possibilidades de interpretação, mas sim mostrar , de forma mais dissertativa, minha visão na confecção de alguns textos. Peço a ajuda de vocês, para que registrem nos campos de comentários suas opiniões e possamos abrir um debate interessante sobre este trabalho que acabamos de começar. O canto da Múmia ( logo, o canto de um nobre) Cantos e santos proclamados. (Absurda maneira de se valorizar mantos e matérias) Nossa casa não é de ninguém. ( a ambição ultraja os limites da matéria) Nem creio que seja um dia, ( rezarei para que isso não aconteça) A eterna morada real ( aqui já tem dono) Dos temores e da essência do mal ( valores de domínio público... Das riquezas ou misérias do bem. ( ...não servem para aqui estarem) Em vida se busca partido. ( hipocrisia) Tentando sobreviver à morte. ( único objetivo comum no poder) Nem creio que seja um dia ( rezarei para que isso aconteça) Soterrados pela pobreza, ( já habituados com as desgraças) Engasgados pela tristeza. ( primazia em todos os campos) Reféns de sua própria sorte. ( é o que lhe resta) Mas o pobre não é social ( muito bem, agora estamos menos mentirosos) Minha tumba é mais que seu lar ( é... é meu lar) Nem creio que seja um dia. ( rezarei para que isso não aconteça) A minha séria demagogia ( ...) Lembrada com nostalgia ( deixo os feitos da coroa para os historiadores) Que desse pão vá se alimentar. ( certamente, mesmo que eu quisesse, isso não teria valor no futuro) Quando, ainda pré-adolescente, visitei uma feira de ciências no colégio em que estudava, e vi, um trabalho com cunho político sobre a história das múmias, pensei, não é a toa que hoje elas são vistas como figuras nefastas e malignas. A poesia “ o Canto da Múmia” reflete todo o lado hipócrita e descompromissado que um Nobre, cuja a mumificação lhe era de direito, supõe e coloca em discussão o valor que uma causa, vista pelo povo como justa, teria na sociedade. Morrer, todos iremos, agora quanto ao túmulo e o direito ( segundo as crenças da época) de eternidade, deve-se resguardar aos líderes. Para que no outro plano possam conduzir povos como aqui fizeram. Ou seja, perpetuar o poder além do horizonte material. Assim como o conhecemos desde que o mundo existe. De um lado uma hierarquia quase inabalável e de outro o povo. Até para no mundo, em que o mistério da incerteza reina, esta hierarquia deseja manter-se no poder. Segundo as palavras do faraó na poesia. Não se trata de acreditar ou não em vida após a morte, mas sim , do discurso que oferece ao povo o consolo da miséria recheado, com a dissolvição, do “prazer” em atender os interesses de seu líder. O monarca nos empobrece, mas ainda assim o idolatramos. Quem elegeu o criador, o fez imagem e semelhança, e ainda lhe deu poderes eternos para decidir, ou pelo menos responsabilizar-se pelas passagens da vida e da morte. O resto, que seria o mais importante, o trajeto percorrido, a estrada, o ar, o caminho.... Este, já há quem cuide. E saberá lucrar muito com cada singelo sopro de existência que surgir neste planeta.