O sistema de transmissão digital promete uma revolução nos meios de comunicação e a extinção do sistema analógico de envio e captação de sinais telivizíveis. Essa revolução consiste nos serviços oferecidos, distanciando-os da funcionalidade de uma televisão convencional que apenas transmite imagens e transforma o telespectador em um ser prontamente passivo.Esses serviços ,acompanhados de uma excelente definição de imagem e som digital substituirão atividades cotidianas que hoje ficam a cargo de um computador.Ou seja, a televisão digital , oferecerá interatividade,envio e recebimento de mensagens eletrônicas,compras on-line, banda –larga e uma gama de serviços que hoje estão ao alcance dos usuários da Internet.
Praticidade, conforto, agilidade e interatividade são os argumentos utilizados pelos defensores desse sistema para atrair consumidores, anunciantes e investidores. Assim como Assis Chateaubriant fez com a TV analógica na década de 50, outros visionários imaginam e criam projetos com a intenção de convencer a sociedade da importância e , por que não dizer, necessidade da TV Digital no Brasil.Esses projetos analisam detalhadamente o assunto desde os custos prováveis até o prazo para implantação total do sistema.Dentro dessas perspectivas, foram identificadas algumas necessidade de adaptações para que possa alcançar as mais abastadas comunidades e consequentemente interligá-las.Entre essas necessidades, a adaptação do custo a realidade brasileira é a principal , para isso considerasse como solução a fabricação de um decodificador de sinais digitais ,cujo custo aproximado é de R$200 a R$400,00, integrado ao aparelho de televisor convencional e substituindo a necessidade da aquisição de um aparelho digital próprio para o sistema, que custa aproximadamente R$15.000,00.O desconforto estético de um decodificador sobre o televisor será recompensado pelos benefícios que o serviço trará e a adaptação desse pequeno móvel será bem aceita nos lares brasileiros.
Para alguns a idéia de uma implantação do sistema de TV digital em todo Brasil é uma Utopia. Além de ser inviável é contrastante com a nossa realidade sócio-econômica. Os críticos ao projeto defendem o encaminhamento do investimento projetado nessa implantação para a suplência de necessidades mais imediatas da sociedade como as melhorias nos serviços de saúde pública e no setor de educação. O custo de R$200,00 para a aquisição de um decodificador se torna surreal para um país onde sua classe operária sobrevive com um salário de R$350, 00, além do mais as indústrias que fabricarão tal instrumento não projetarão nenhuma melhora nos índices de desemprego, já que esses equipamentos sofrerão subsídios para incentivar a importação de seus paises originais. Os impostos, juros abusivos e a assimétrica distribuição de renda são agravantes reais que transformarão esse projeto em um enorme elefante cor-de-rosa. Um problema, causado pela irresponsabilidade governamental que causará, como sempre, danos á economia nacional que por conseqüência afetam diretamente ao contribuinte.
A televisão digital, distante do seu papel de socialização, será apenas mais um símbolo de status e poder de compra que ficará a disposição de uma minoria detentora das riquezas nacionais.
Paralelamente as criticas, o governo trabalha em busca de soluções que acelerem os projetos e atendam aos interesses dos investidores e da população que aguarda por essa novidade tecnológica.
No início do mês de março os jornais publicaram a decisão do governo na escolha dos padrões japoneses para a implantação do sistema no Brasil, deixando de lado os padrões americano e europeu, a alegação de que as condições contratuais eram mais atraentes. Mas, no final de março, a mesma imprensa divulgou a indecisão do governo na escolha da parceria privada internacional. A decisão foi adiada por tempo indeterminado e não houve uma explicação clara sobre o motivo do adiamento.
Enquanto a TV digital não se torna uma realidade à sociedade e suas representações fazem o seu papel; o governo buscando parcerias, a iniciativa privada de olho nessa importante fatia do mercado, a imprensa informando sobre a lenta caminhada, os benefícios e os malefícios dessa inovação; e por ultimo o povo que, como na maioria das vezes em que se tomam decisões importantes nesse país, se encontram em sua eterna passividade servil, ignorando que os resultados, positivos ou negativos, dessa investida terão um grande impacto na nossa realidade social.
O assunto é para refletir e o momento é agora, as responsabilidades de um sucesso ou de uma tragédia depende da atitude dos brasileiros, apresentando criticas, melhorias, participações e principalmente interesse em renovar.
ASMC