Florbela Espanca

Realidade




Em ti o meu olhar fez-se alvorada

E a minha voz fez-se gorgeio de ninho...





E a minha rubra boca apaixonada


Teve a frescura pálida do linho...






Embriagou-me o teu beijo como um vinho


Fulvo de Espanha, em taça cinzelada...






E a minha cabeleireira desatada


Pôs a teus pés a sombra dum caminho...






Minhas pálpebras são cor de verbena,


Eu tenho os olhos garços, sou morena,


E para te encontrar foi que eu nasci...






Tens sido vida fora o meu desejo


E agora, que te falo, que te vejo,


Não sei se te encontrei... se te perdi...



Florbela Espanca



Este poema me foi ofertado em uma ocasião muito especial. A ninfa que me ofereceu tal presente, na ocasião ( 12/2007), disse-me que no momento de sua escolha pelo poema era em mim que ela pensava. Agora eu retribuo o presente devolvo à você suggarzinha.

Beijos.

FV





imagem: http://auladeliteraturaportuguesa.blogspot.com/